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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Mãos .




Para que servem as mãos? 
As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder, 
ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar, 
confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar, 
acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir, 
reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever...... 
As mãos de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau, 
salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário; 
Múcio Cévola queimou a mão que, por engano não 
matou Porcena; 
foi com as mãos que Jesus amparou Madalena; 
com as mãos David agitou a funda que matou Golias; 
as mãos dos Césares romanos decidiam a sorte dos 
gladiadores vencidos na arena; 
Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência; 
os anti-semitas marcavam a porta dos judeus com as mãos 
vermelhas como signo de morte! 
Foi com as mãos que Judas pôs ao pescoço o laço que os 
outros Judas não encontram. 
A mão serve para o herói empunhar a espada e 
o carrasco, a corda; o operário construir e o burguês destruir; 
o bom amparar e o justo punir; o amante acariciar e o ladrão roubar; 
o honesto trabalhar e o viciado jogar. 
Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra, uma flor 
ou uma granada, uma esmola ou uma bomba! 
Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia! 
As mãos fazem os salva-vidas e os canhões; os remédios 
e os venenos; os bálsamos e os instrumentos de tortura, 
a arma que fere e o bisturi que salva. 
Com as mãos tapamos os olhos para não ver, e com elas 
protegemos a vista para ver melhor. 
Os olhos dos cegos são as mãos. 
As mãos na agulheta do submarino levam o homem 
para o fundo como os peixes; no volante da aeronave 
atiram-nos para as alturas como os pássaros. 
O autor do "Homo Rebus" lembra que a mão foi o primeiro 
prato para o alimento e o primeiro copo para a bebida; 
a primeira almofada para repousar a cabeça, 
a primeira arma e a primeira linguagem. 
Esfregando dois ramos, conseguiram-se as chamas. 
A mão aberta,acariciando, mostra a bondade; fechada 
e levantada mostra a força e o poder; empunha a espada 
a pena e a cruz! 
Modela os mármores e os bronzes; da cor às telas 
e concretiza os sonhos do pensamento e da fantasia 
nas formas eternas da beleza. 
Humilde e poderosa no trabalho, cria a riqueza; 
doce e piedosa nos afetos medica as chagas, conforta 
os aflitos e protege os fracos. 
O aperto de duas mãos pode ser a mais sincera confissão 
de amor, o melhor pacto de amizade ou um juramento 
de felicidade. 
O noivo para casar-se pede a mão de sua amada; 
Jesus abençoava com a s mãos; 
as mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as 
mãos as cabeças inocentes. 
Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica, 
ainda por muito tempo agitando o lenço no ar. 
Com as mãos limpamos as nossas lágrimas e as lágrimas alheias. 
E nos dois extremos da vida, quando abrimos os olhos para o mundo e quando os fechamos para sempre ainda as mãos prevalecem. 
Quando nascemos, para nos levar a carícia do primeiro beijo, são as mãos maternas que nos seguram o corpo pequenino. 
E no fim da vida, quando os olhos fecham e o coração pára, o corpo gela e os sentidos desaparecem, são as mãos, ainda brancas de cera que continuam na morte as funções da vida. 
E as mãos dos amigos nos conduzem... 
E as mãos dos coveiros nos enterram!


Mãos que trabalham
Mãos envelhecidas
Mãos solidárias
Mãos que amam
Mãos que indicam  

Mãos que afagam




  • MÃOS SANTAS
    Celito Medeiros


    Mãos que acariciam
    Mãos que apertam
    Puro e pleno gesto
    Inteiras se mostram. 

    Mãos que realçam 
    O próprio trabalho 
    Na lida e no traço
    Num doce embalo.

    Mãos bem ligeiras
    Que tudo percebem
    Acolhem tão rápido
    Sem deixar o rastro.

    Mãos que são fortes
    Assim como um aço
    Mãos tão são santas
    Mãos de nossas mães!


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